Os negócios são feitos de altos e baixos. Há períodos em que a demanda por um produto ou serviço vai disparar, colocando em xeque a capacidade de atender a todos os pedidos. Em outros momentos, pode cair tanto que até coloca em risco a sobrevivência do negócio. Essa variação pode estar relacionada a diversos fatores (macroeconômicos, climáticos, entre outros) e atinge, em maior ou menor grau, todos os tipos de comércio, como explica Renan Kaminski, fundador da 4blue, que presta serviços de consultoria e treinamento com foco em pequenas e médias empresas.
“Com certeza, há negócios muito sazonais, enquanto outros são – quase – imunes a esta variação. Um comércio de chocolates, por exemplo, vai ter uma demanda muito superior ao normal em época de Páscoa. Mas também irá aproveitar bons momentos em datas comemorativas, como Dia das Mães, Namorados e até Natal. Já um restaurante popular tende a ter uma demanda mais estável durante o ano. Mas isso pode ser influenciado por sua localização. Se ele estiver perto de uma escola ou faculdade, verá sua clientela diminuir em época de férias”, compara Kaminski.
Com base em sua experiência com PMEs, tanto no Brasil como em outros países onde a 4blue atua, Kaminski compartilha quatro dicas valiosas para lidar bem com a sazonalidade:
1. APROVEITE A EXPERIÊNCIA DE QUEM ESTÁ NA ESTRADA HÁ MAIS TEMPO QUE VOCÊ
“O caminho mais rápido sempre é aprender com quem já passou pela situação antes. Conversar com associações e entidades de classe pode economizar muito tempo e dinheiro, pois em geral elas reúnem empresários que já cometeram seus erros e poderão lhe mostrar o caminho das pedras”, sugere Kaminski. O que o empreendedor realmente não deve fazer, segundo ele, é tomar decisões com base apenas no sexto sentido. Intuição é importante, mas informação também é!
2. EM MOMENTOS ESPECIAIS, DEIXE FORNECEDORES E COLABORADORES DE SOBREAVISO
Por mais experiência que se tenha, há momentos atípicos que desafiam nossa capacidade de previsão. Vamos tomar como exemplo campeonatos de futebol. Para quem tem um bar, o evento representa uma ótima oportunidade de atrair e fidelizar novos clientes e ampliar as vendas. Para isso, pode-se pensar num esquema especial para a transmissão dos jogos, montar um cardápio temático (que tal servir petiscos típicos de cada país em campo?) ou criar promoções específicas.
Mas como estimar o impacto dessas medidas e prever o aumento da demanda, evitando que, na hora H, sobrem ou faltem produtos, equipe, material? Afinal, se é ruim perceber que se investiu demais, à toa, também é muito ruim ver a imagem da empresa prejudicada por longas filas de espera ou demora no atendimento.
“Não existe uma fórmula mágica. É quase impossível um negócio saber o quanto ele será impactado por um grande evento”, afirma Kaminski. A solução? Converse antecipadamente com todos que trabalham com você, para ajustar sua capacidade de atendimento caso a demanda seja maior que o previsto. “Deixar os fornecedores avisados, contar com terceirizados preparados para atender uma chamada e alinhar com a equipe a possibilidade de fazer horas extras são formas de minimizar os problemas no caso de uma procura demanda muito superior ao esperado.”
Além disso, escolha sempre aquele fornecedor que tem uma grande variedade, onde você vai encontrar tudo o que precisa, assim você economiza tempo e pode resolver eventuais necessidades em uma única saída. Redes como o Makro, por exemplo, são as melhores opções para esses casos, pois reúnem grande variedade, encontra-se tudo em um mesmo lugar, de qualquer sazonalidade e proporcionam maior economia.
3. TIRE PROVEITO DA SAZONALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA
A dica vale para diversos setores, mas fica ainda mais fácil de entender quando temos em mente negócios na área de alimentação. Basta ver que em maio, por exemplo, é mais fácil encontrar frutas como caqui e pera. A partir de junho, cresce a oferta de mexerica. Mais pro fim do ano, em novembro, as prateleiras vão sendo ocupadas por abacaxi pérola e jaca. Em dezembro, é a vez da romã.
Quem leva isso em conta na hora de planejar seu cardápio, priorizando as frutas da estação, vai encontrar ingredientes mais frescos, saborosos e baratos. “Em negócios de alimentação onde os insumos representam de 20 a 35% (alguns casos, até mais que isso) de todo o faturamento, é muito importante manter esses custos sob controle”, comenta Kaminski.
4. TRANSFORME ESSA VARIAÇÃO NUM ATRATIVO PARA SEU CLIENTE
Mas mudanças frequentes no cardápio não podem confundir o consumidor? Segundo Kaminski, é possível abraçar a mudança de forma coerente, e o segredo para ser bem-sucedido nesse desafio é: comunicação. “Se houver uma estratégia por trás, aquilo que poderia ser um fator de descontentamento vira algo positivo para o negócio, que pode até atrair mais clientes pela novidade.”
Negócios onde a sazonalidade se manifesta de forma mais acentuada conseguem até adotar alternativas mais drásticas, se essa escolha for transmitida com clareza. “Uma casa de sopas, com demanda no inverno, pode focar em pizzas no restante do ano. Uma sorveteria pode servir tortas e cafés em épocas mais frias. A questão é ser criativo para manter as receitas, mas sem perder a identidade do negócio.”
Fonte: Site Pequenas Empresas & Grandes Negócios