Responsáveis por cerca de 27% do produto interno bruto (PIB), segundo pesquisa divulgada pelo IBGE em 2014, não existem dúvidas da importância que as micro e pequenas empresas (MPEs) têm no cenário empresarial brasileiro. Com o aumento dessa fatia ano após ano, é claro que o interesse de novos empresários segue esse crescimento. É o que mostra os dados colhidos em 2017 pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em parceria com o SEBRAE, que constaram que ter um negócio próprio é o sonho principal de 31,7% dos adultos brasileiros, superando até mesmo o desejo de fazer carreira em uma grande empresa (19,5%).
Porém, nem tudo são flores. Na verdade, o caminho para o sucesso de micro e pequenas empresas é repleto de espinhos. Além da grande quantidade de encargos tributários e burocracias que o microempresário enfrenta diariamente, a dificuldade de acesso ao crédito também é um fator que atrapalha o crescimento dos negócios de pequeno porte. Isso sem mencionar possíveis crises econômicas que os impactam diretamente: a prova disso foi a recessão mais recente que, segundo a fundação Getúlio Vargas, resultou em um aumento de 10% na taxa de mortalidade das empresas em seus dois primeiros anos, passando de 23% em 2012 para 33% em 2016.
Em resumo: Muitas oportunidades, muitos desafios, pouco dinheiro e pouquíssimas chances de errar. Em um cenário tão competitivo, um equívoco pode significar o fim de uma idéia promissora. E entre as principais falhas que levam o empreendedor a fechar as portas, a má gestão financeira está no topo da lista. Para te ajudar a fugir desses erros, separamos 4 dicas preciosas de gestão financeira para o seu MPE.
1- Controle de caixa: suas contas precisam bater
Parece óbvio: o princípio básico para manter sua organização com as contas no azul é sempre monitorar suas despesas, acompanhando diariamente a entrada e saída de dinheiro e analisando o fluxo de caixa. Apesar disso, a falta de controle de caixa é um dos maiores vilões das micro e pequenas empresas. Não ter uma visão clara da saúde financeira do negócio pode (e vai!) gerar prejuízos, gastos desnecessários e perda de oportunidades de crescimento.
Por isso, a dica é simples: a conta tem que fechar. Tenha o controle do seu contas a pagar e receber, acompanhe todas as entradas e saídas de dinheiro, suas datas, programe-se e registre tudo! Dessa maneira você minimiza consideravelmente a chance de chegar no final do dia, semana ou mês e seu caixa não fechar. A tarefa não precisa ser manual: utilize um sistema de gestão que conte com um módulo financeiro para te ajudar nesta operação.
2- Finanças pessoais x Finanças empresariais: separe!
Outro erro clássico de muitos microempresários, principalmente no início do negócio: Misturar as despesas pessoais com as empresariais. Afinal, é a sua empresa, então aquele dinheiro que entra também é seu, certo? Errado! Para garantir a sobrevivência da sua organização é preciso entender as diferenças entre Faturamento e lucro líquido(Falaremos sobre isso na 4ª dica) e que o dinheiro que entra, especialmente no começo, é da própria empresa. Ele é fundamental para que o capital de giro funcione e que haja dinheiro em caixa para pagar fornecedores, funcionários, entre outras pendências. Adicionar despesas domésticas como o aluguel, parcela do carro, escola das crianças, etc, irá prejudicar as finanças do seu negócio e, como mencionamos no primeiro item, a conta não vai fechar.
A dica primordial para que você tenha o controle das finanças empresariais e pessoais é separar as contas correntes. Não é impossível controlar suas despesas particulares e as da empresa utilizando uma única conta, mas, ter as contas correntes separadas para cada tipo de atividade é o ideal. Isso sem levar em consideração que existem vantagens específicas para empresários ao utilizar uma conta jurídica, como explica Maurício Galhardo, especialista em finanças: “Quando precisa de dinheiro na empresa, a pessoa recorre aos créditos pessoais e não sabe que pode ter condições melhores na conta de pessoa jurídica”.
3- Pés no chão: cuidado com gastos desnecessários
Seu negócio está dando certo, você já está tendo lucro, seu produto ou serviço está se consolidando no mercado, sua conta está no azul, enfim, tudo está como no seu planejamento: chegou o momento de expandir! Muito cuidado e atenção nesta etapa. O seu sonho está se realizando, mas, como empreendedor, seus pés devem continuar no chão. É muito comum nesta etapa de expansão o micro e pequeno empresário vislumbrar grandes passos, esquecer do planejamento e acabar lidando com gastos desnecessários: seja mudando para um escritório muito maior que o necessário, contratando mais funcionários sem alinhar com o crescimento de demanda até alterando toda a ordenação de equipamentos, etc. A melhoria da estrutura e ambiente de trabalho são de suma importância para o seu negócio, mas é importante que você mantenha essa expansão alinhada com seu planejamento financeiro. Revise bem cada passo, tenha o auxílio de um especialista em finanças para ajudar na elaboração dessa estratégia, faça um plano a curto, médio e longo prazo e tenha o controle sobre todas as despesas e projeções de crescimento durante todo o período.
4- Faturamento e lucro: qual diferença?
Basicamente, o faturamento é a arrecadação total que o seu negócio adquiriu em determinado período, ou seja, a soma de todos os valores que sua empresa recebeu realizando a atividade comercial proposta. É por meio do valor do seu faturamento que o governo irá calcular o quanto deve ser pago referente aos impostos fiscais como ICM, COFINS, entre outros.
Falando em lucro, podemos dividi-lo em dois: Lucro bruto, que é o faturamento da sua empresa subtraindo a soma de todas os custos variáveis do seu negócio e o lucro líquido, que resulta do valor faturado menos os custos fixos e variáveis.
Como mencionamos acima, é primordial que o empresário saiba a diferença entre o faturamento e o lucro gerado pelo seu negócio. É dessa forma que será possível enxergar de maneira precisa os lucros ou prejuízos e projetar o crescimento sadio e inteligente da empresa. Esteja sempre atento aos relatórios de fluxo de caixa e demonstrativo de resultado para analisar seu lucro real e faturamento.
Fonte: Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios