“Dinheiro na mão é vendaval/na vida de um sonhador”… Lembro dessa música popular todas as vezes que ouço alguém falar sobre o pagamento de dívidas, principalmente quando se trata do gerenciamento de um negócio.
Todas as vezes que temos um faturamento acima da média, se faz necessário analisar o pagamento de títulos atrasados para não sofrer prejuízos com os aumentos das taxas de juros e, logo, aumentar a obrigação a ser paga. Isso é o que acontece no final do ano em muitas empresas: aumentaram as entradas no caixa e, logo, a necessidade de sanar o excedente da conta no vermelho.
Dinheiro sem gerenciamento não gera lucro. Gastar sem foco, mais ainda. Sonhar sem realizar não está no escopo da gestão de negócios, a qual se pauta sempre nas obrigações pagas para não gerar passivos.
Lembro-me de que no dia da abertura da minha empresa de consultoria, o contador me disse do endividamento imediato, ou seja, toda empresa já nasce endividada.
As palavras desse contador ficaram na minha memória e não as utilizo para afirmar que o endividamento é algo saudável. Na realidade, quanto mais endividada é a empresa, menos existe a possibilidade de desenvolvimento e aumento da lucratividade.
O ideal é manter o equilíbrio entre as entradas no caixa e o pagamentos das despesas. Dívidas são obrigações que uma pessoa/empresa tem de pagar ou reembolsar para outro sujeito/companhia. Portanto, o equilíbrio citado é o caminho para satisfazer as tais obrigações.
Assim, o objetivo de uma gestão financeira de excelência é não deixar que as obrigações se tornem passivos e que o caixa da empresa trabalhe para pagar o excedente (juros), não o valor real provisionado da dívida. É esse excedente que causa o endividamento, resultado de uma “bola de neve” de juros, multa e correção monetária.
Caso sua empresa tenha deixado de pagar ou adquiriu dívidas no ano passado, a sequência de atitudes para saná-las são:
1 — Avaliar a capacidade real em honrar seus compromissos a curto prazo, verificando sempre a liquidez da empresa;
2 — Focar no controle do faturamento, para garantir a capacidade acima citada e, por consequência, a sustentabilidade do negócio;
3 — Captar novos clientes para aumentar o faturamento, lembrando que você tem um excedente a ser pago;
4 — Fidelizar os clientes e fazer ações para que eles aumentem suas compras ou voltem a comprar;
5 — Reduzir ou adequar os estoques, para manter somente aquilo que for vendido ou previsto para a venda.
6 — Renegocie as dívidas, aumentando os prazos com os fornecedores para garantir os pagamentos e “estancar a sangria” de multas, juros e correção monetária.
Enfim, caro empreendedor, todas as decisões devem ser muito bem avaliadas, principalmente porque passamos por um momento de incertezas econômicas e necessitamos de reservas para eventuais emergências.
Muitas vezes, o mais importante na relação com as dívidas é a certeza de que podemos pagá-las em dia. O saudável é manter-se equilibrado para tomar as decisões corretas, no momento certo.
Arnaldo Vhieira é coordenador do Curso de Gestão Financeira do Complexo Educacional FMU.
Fonte: Exame.com.br